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ST 08 - POVOS INDÍGENAS NA AMÉRICA LATINA: HISTÓRIA, PROCESSOS DE IDENTIFICAÇÃO E FRONTEIRAS

03/11/2021 a 05/11/2021, das 14:00 às 18:00

Autor(es): Marcio Marchioro (Doutorando, UFPR); Maria Claudia Gorges (Doutoranda, UTFPR)

Descrição:

O Simpósio Temático pretende reunir pesquisadores indígenas e não-indígenas que trabalham com a questão nas Américas, tendo em vista a análise da relação entre cultura e os processos de identificação. O objetivo central é a discussão de pesquisas que, situadas em distintas temporalidades e regiões geográficas da América, versam sobre temáticas indígenas ou estudos relacionados aos povos indígenas. Serão bem-vindos no nosso simpósio resultados de pesquisas, ou pesquisas em andamento, documentais na área de História, pesquisas de campo nas áreas de Antropologia, Arqueologia e Educação, dentre outras áreas afins. Nosso simpósio também será dedicado aos professores e as professoras das redes particulares ou públicas que tenham interesse em apresentar as suas pesquisas realizadas em sala de aula sobre a temática indígena. Dentro das ciências humanas há vários autores que trabalham com a relação entre os processos de identificação e cultura. No livro “O Guru, o Iniciador e Outras Variações Antropológicas”, o antropólogo Fredrik Barth (2000, p. 34), diz que a etnicidade se define na fronteira com o outro. Outra autora que discute o conceito de identidade é a socióloga Silvia Rivera Cusicanqui (2018), que problematiza este conceito e propõe pensá-lo enquanto devir, enquanto processos de identificação, isto é, de uma forma dinâmica. Segundo o autor (GRUZINSKI, 2001, p. 63), o processo de mestiçagem desencadeado pela conquista da América não pode ser entendido meramente como um fenômeno cultural. Gruzinski utiliza como exemplo uma percepção na alteração da percepção do tempo pelos nativos mexicanos: “A chegada dos espanhóis e a abolição das grandes festas proibidas, assim como foi proibido o sacrifício humano, ou, doravante, irrealizáveis por falta de homens, recursos e liberdade de ação - mergulharam as massas indígenas num vazio crescente. Em poucos anos, elas se viram privadas dos meios de marcar a passagem do tempo e de exercer sobre ele uma influência qualquer. O Tempo - ou, mais exatamente, o que lhe correspondia entre os índios - se pulverizava” (GRUZINSKI, 2001, p. 71-72). Silvia Rivera Cusicanqui (2018) também reflete sobre o processo de mestiçagem ao pensá-lo de forma emancipatória. Dentro dessa perspectiva de mestiçagem emancipatória ela desenvolve o conceito de ch’ixi para dar conta das contradições e fronteiras que atravessam as identificações dos povos indígenas.


Palavras-chave: indígenas; fronteiras; identificação.


Bibliografia:

BARTH, Fredrik. Grupos étnicos e suas fronteiras. In:___. O Guru, o Iniciador e Outras Variações Antropológicas. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria. 2000, p. 25-67.

CUNHA, Manuela Carneiro da. Introdução a uma história indígena. In:___. (Org.). História dos Índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 9-24.

CUNHA, Manuela Carneiro da Cunha. Cultura com aspas. Ubu Editora, 2018.

GARCIA, Elisa Frühauf. As diversas formas de ser índio: políticas indígenas e políticas indigenistas no extremo sul da América portuguesa. Arquivo Nacional, 2009.

GRUZINSKI, Serge. A colonização do imaginário: sociedades indígenas e ocidentalização no México espanhol. Séculos XVI-XVIII. São Paulo: Cia. das Letras, 2003.

GRUZINSKI, Serge. O pensamento mestiço. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

MARCHIORO, Marcio. Questão indígena no Brasil. Curitiba: Intersaberes, 2018.

MONTEIRO, John Manuel. Negros da terra. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

RIVERA CUSICANQUI, Silvia.  Un mundo ch’ixi es posible. Ensayos desde un presente en crisis. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Tinta Limón, 2018.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. A Inconstância da Alma Selvagem. São Paulo: Cosac & Naify, 2002.

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